ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, SÁBADO  04    CAMPO GRANDE 23º

Capital

Moradores não suportam transtornos deixados como herança por entidade

São duas quadras de ruínas totalmente encobertas por lixo e mato no Vespasiano Martins

Por Kamila Alcântara e Geniffer Valeriano | 24/04/2024 08:24
Entulhos e matagal ocupam o que anos atrás foi uma casa popular, no Vespasiano Martins (Foto: Paulo Francis)
Entulhos e matagal ocupam o que anos atrás foi uma casa popular, no Vespasiano Martins (Foto: Paulo Francis)

Tramita na Justiça a restituição milionária dos prejuízos causados pela ONG (Organização Não Governamental) Morhar aos cofres do Executivo Municipal, mas para as pessoas que convivem com as ruínas das casas populares derrubadas, a situação não pode esperar a morosidade judicial. São duas quadras repletas de entulhos, entre as ruas Renato Gomes Nasser e Flórida Bntez de Augênio, no bairro Vespasiano Martins, que não têm qualquer previsão de solução.

O problema começou em 2016, quando a Morhar recebeu R$ 2,7 milhões para construir casas populares destinadas a assentamento de moradores de favelas na região sul de Campo Grande, mas entregou apenas 42, ainda assim, com defeitos. Essas casas foram condenadas e derrubadas anos depois, os beneficiários realocados para o que hoje é o Recanto dos Sabiás. Com isso, os vizinhos do Vespasiano agora convivem com animais peçonhentos, usuários de drogas e focos de mosquito da dengue.

Morando bem em frente aos lotes, a aposentada Anaia da Silva Lima, 63 anos, diz que todo tipo de animal sai do matagal e, nas duas únicas casas que restaram, os dependentes químicos encontraram abrigo, onde até a Polícia Militar "visita" à procura de foragidos.

"A coisa tá feia! É uma vergonha, esqueceram de nós. É um risco muito grande, pois fica perto da creche e um desses malandros podem pular lá. Antes de derrubarem, era tranquilo. Agora, é um lugar escuro, com acúmulo de lixo e água, mas quando procuramos o poder público dizem que está limpo", diz a moradora.

A Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) do bairro está ao lado dos terrenos. Durante a visita do Campo Grande News, até uma vaca foi flagrada pastando o mato que cresce por lá.

Vacas pastam em meio às ruínas das casas populares derrubadas no Vespasiano Martins (Foto: Paulo Francis)
Vacas pastam em meio às ruínas das casas populares derrubadas no Vespasiano Martins (Foto: Paulo Francis)

Para diminuir o problema, o esposo da dona de casa Priscila Lima, 30, chega a gastar R$ 900 na contratação de alguém para deixar o local limpo, mas dura pouco tempo. Ela disse que procurou ajuda na Amhasf (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários), mas que a resposta não foi positiva.

"Fui até a prefeitura e um representante da Habitação disse que não iam limpar por medo de uma invasão ou ocupação. Agora, eles não vêm limpar e temos que ficar na sujeira deles. Meu filho de 3 anos é autista, não se comunica, tenho medo de ele ter dengue ou ser picado e não conseguirmos saber o que aconteceu", relata Priscila.

A última tentativa de serem atendidos aconteceu em março, quando entregaram o pedido de limpeza à Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), mas ainda não foi atendido.

Na tarde desta terça-feira (23), a reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande para informações sobre o processo judicial contra a ONG Morhar e o destino dos terrenos, mas até o fechamento desta reportagem não houve retorno.

Imagens de satélites do Google mostram o tamanho das quadras e o que restou das casas (Foto: reprodução Google Maps)
Imagens de satélites do Google mostram o tamanho das quadras e o que restou das casas (Foto: reprodução Google Maps)

Justiça - Em abril de 2021, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e o Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) do MPMS cumpriram seis mandados de busca e apreensão na Capital, na Operação Moradias, que investigava irregularidades em construções de casas populares destinadas a moradores de antigo lixão, a Cidade de Deus.

Já no ano seguinte, 2022, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul pede ressarcimento aos cofres públicos de R$ 1.927.944,79, mas agora dos entes públicos que facilitaram a fraude, entre eles o ex-prefeito Alcides Bernal (PP).

Direto das ruas - A imagem chegou pelo Direto das Ruas, o canal de interação dos leitores com o Campo Grande News. Quem tiver flagrantes, sugestões, notícias, áudios, fotos e vídeos pode colaborar no WhatsApp pelo número (67) 99669-9563.

 Clique aqui e envie agora uma sugestão. Para que sua imagem tenha mais qualidade, orientamos que fotos e vídeos sejam feitos com o celular na posição horizontal.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Confira a galeria de imagens:

  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
Nos siga no Google Notícias